Jesus e os fariseus |
Desde o início do ministério de Jesus, como alguns
teólogos atuais apontam, foi um
ministério de um pregador ambulante (no sentido de não fixar residência), onde
provavelmente o Evangelho conforme Marcos seja o melhor meio de entender este
ministério que ora questionava a administração romana opressiva, ora criticava
a omissão dos líderes religiosos judeus, apresentado no contexto das curas, das
viagens a localidades pobres e aos sermões de Jesus. Por menos vários
personagens foram simplesmente esmagados pela repressão romana, mas aqui é
diferente, é Deus agindo na história.
Os fariseus e doutores da Lei (que eram do partido dos
fariseus) muito se incomodavam com as pregações de Jesus, principalmente da
forma que ele mesmo se dizia ser, Filho do Homem, típico título escatológico judeu
bem compreendido naquela época (encontramos esta referencia em Daniel 7). Jesus
curava os enfermos, libertava dos cativos de espíritos imundos, perdoava
pecados, anunciava um reino da parte de Deus onde todos podiam participar. Isso
com certeza era bastante sério para a mentalidade dos poderosos judeus e
romanos daquela ocasião. Roma temia as rebeliões em suas colônias (sempre
inflamadas por algum líder popular) e os líderes religiosos que tinham criado
um contexto de tradições a parte do que Deus tinha estabelecido para seu povo
através dos patriarcas e profetas. Essas tradições eram mais importantes na
prática religiosa cotidiana do que a própria Escritura Sagrada (esclarecendo
que me refiro aos escritos da Lei, salmos e profetas principalmente lidos nas
sinagogas).
Abaixo cito alguns exemplos desse embate entre os
fariseus e doutores da Lei contra Jesus e seus discípulos:
Em Mateus 5.17 Jesus começa a esclarecer que não veio
acabar com a Lei de Moisés tão sagrado para o judaísmo; em Marcos 7.1-13 Jesus
responde com autoridade a críticas dos fariseus e doutores da Lei de
costumes criados por homens e de se esquecerem dos mandamentos vindos de Deus
(comer com as mãos sujas); em Lucas 6.1-5 Jesus se intitula "Senhor do
sábado"; em João 2.13-21 Jesus esclarece a importância do Templo de
Jerusalém que estava sendo profanado pelo comércio; ainda em Lucas 4.16-30 o
relato reproduz o normal cotidiano dos judeus que viviam longe de Jerusalém e
utilizavam a sinagoga como lugar de oração, leitura e estudo das Escrituras
(Sinagoga de Nazaré), foram nessas sinagogas que muitas vezes Jesus ensinava ao
povo.
Devemos ter cuidado com o que eu poderia chamar de
"homem querendo falar por Deus". Neste contexto da época de Jesus, a
mensagem de Deus foi gradualmente modificada para uma religiosidade alienadora
de cumprimentos de rituais, sendo esses rituais religiosos resignificandos ou
criados no decorrer do tempo. Desta forma a religião judaica serviu como uma
ótima ferramenta de alienação de massa. Hoje em dia não é tão diferente, apenas
com outros aspectos. Agora já podemos citar Karl Marx em sua frase bastante
conhecida acerca da religião "como o ópio do povo". Enquanto Jesus
libertava, o judaísmo aprisionava através da religiosidade. Atualmente as
tradições e interpretações de símbolos antigos se mostra um ótimo negócio para
as várias vertentes do cristianismo. A religiosidade se tornou mais importante
do que a mensagem da cruz, totalmente deturpada e abandonada por muitos.
Encerro esta reflexão com a dura crítica de Jesus aos
religiosos judaizantes de sua época e que sirva de lição para nós atualmente: "Este povo com sua boca diz
que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim. A adoração
deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos
de Deus." Marcos 7.6b e 7.
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