sábado, 31 de agosto de 2013

JESUS e a tradição religiosa

Jesus e os fariseus
Desde o início do ministério de Jesus, como alguns teólogos atuais apontam, foi  um ministério de um pregador ambulante (no sentido de não fixar residência), onde provavelmente o Evangelho conforme Marcos seja o melhor meio de entender este ministério que ora questionava a administração romana opressiva, ora criticava a omissão dos líderes religiosos judeus, apresentado no contexto das curas, das viagens a localidades pobres e aos sermões de Jesus. Por menos vários personagens foram simplesmente esmagados pela repressão romana, mas aqui é diferente, é Deus agindo na história.
Os fariseus e doutores da Lei (que eram do partido dos fariseus) muito se incomodavam com as pregações de Jesus, principalmente da forma que ele mesmo se dizia ser, Filho do Homem, típico título escatológico judeu bem compreendido naquela época (encontramos esta referencia em Daniel 7). Jesus curava os enfermos, libertava dos cativos de espíritos imundos, perdoava pecados, anunciava um reino da parte de Deus onde todos podiam participar. Isso com certeza era bastante sério para a mentalidade dos poderosos judeus e romanos daquela ocasião. Roma temia as rebeliões em suas colônias (sempre inflamadas por algum líder popular) e os líderes religiosos que tinham criado um contexto de tradições a parte do que Deus tinha estabelecido para seu povo através dos patriarcas e profetas. Essas tradições eram mais importantes na prática religiosa cotidiana do que a própria Escritura Sagrada (esclarecendo que me refiro aos escritos da Lei, salmos e profetas principalmente lidos nas sinagogas).
Abaixo cito alguns exemplos desse embate entre os fariseus e doutores da Lei contra Jesus e seus discípulos:
Em Mateus 5.17 Jesus começa a esclarecer que não veio acabar com a Lei de Moisés tão sagrado para o judaísmo; em Marcos 7.1-13 Jesus responde com autoridade a críticas dos fariseus e doutores da Lei de costumes criados por homens e de se esquecerem dos mandamentos vindos de Deus (comer com as mãos sujas); em Lucas 6.1-5 Jesus se intitula "Senhor do sábado"; em João 2.13-21 Jesus esclarece a importância do Templo de Jerusalém que estava sendo profanado pelo comércio; ainda em Lucas 4.16-30 o relato reproduz o normal cotidiano dos judeus que viviam longe de Jerusalém e utilizavam a sinagoga como lugar de oração, leitura e estudo das Escrituras (Sinagoga de Nazaré), foram nessas sinagogas que muitas vezes Jesus ensinava ao povo.
Devemos ter cuidado com o que eu poderia chamar de "homem querendo falar por Deus". Neste contexto da época de Jesus, a mensagem de Deus foi gradualmente modificada para uma religiosidade alienadora de cumprimentos de rituais, sendo esses rituais religiosos resignificandos ou criados no decorrer do tempo. Desta forma a religião judaica serviu como uma ótima ferramenta de alienação de massa. Hoje em dia não é tão diferente, apenas com outros aspectos. Agora já podemos citar Karl Marx em sua frase bastante conhecida acerca da religião "como o ópio do povo". Enquanto Jesus libertava, o judaísmo aprisionava através da religiosidade. Atualmente as tradições e interpretações de símbolos antigos se mostra um ótimo negócio para as várias vertentes do cristianismo. A religiosidade se tornou mais importante do que a mensagem da cruz, totalmente deturpada e abandonada por muitos. 

Encerro esta reflexão com a dura crítica de Jesus aos religiosos judaizantes de sua época e que sirva de lição para nós atualmente: "Este povo com sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim. A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos de Deus." Marcos 7.6b e 7.

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